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Minha Escolha:

Salar de Uyuni: Pt 1- Pré-Embarque



Para criar algo bem completo e escrever um verdadeiro guia para quem deseja realizar esse tour ao Salar de Uyuni decidi dividir o post em duas partes. Nesta primeira parte vamos ter uma noção geral do que é a viagem e o que é necessário ter para conhecer esse paraíso do sal.


Começando por... Afinal, o que é esse tal de "Salar de Uyuni"?

Se trata do maior deserto de sal do mundo, localizado ao sudoeste da Bolívia. O mais legal é como surge um salar; antes (muuuitos anos atrás) era uma lagoa de água salgada e com o decorrer do tempo o chão de sal da lagoa vai subindo, crescendo, até que não haja mais água e tudo se transforme em um campo de sal. Existem várias teorias, uma delas, mais completa, é citada pela Go Outside: Acredita-se que a formação do deserto tenha origem a partir de um braço do Pacífico: a água do oceano teria sido aprisionada durante o processo de formação da cordilheira dos Andes, transformando-se num imenso lago. Mas o contraste das temperaturas locais (calor escaldante de dia e até -20ºC à noite, no inverno) e as raras chuvas não permitiram que o lago se perpetuasse e no lugar surgiu o Uyuni. Mas tem quem diga (Fonte: G1) o contrário: Ao contrário do que se pode pensar, o lugar não foi um oceano, mas o que sobrou do Minchin, um gigantesco lago pré-histórico que teve suas águas salgadas evaporadas.


Curiosidade - Nesta área da América do Sul existem três salares entre os países que fazem fronteiras, Argentina, Chile e Peru, alguns pesquisadores têm a teoria do triângulo que esses três países formam. Sem sombra de dúvidas, a mineração e a paisagem nessa área é única e lindíssima. O Salar em San Pedro de Atacama não consegue ser puramente só sal por causa dos rios subterrâneos que mudam a sua vegetação, com terra batida e plantas baixas.



Percepção interessante são as pessoas você encontra por lá, as quais provavelmente se encaixam em algum desses 3 perfis do viajante:

1) Mochileiros pela América do Sul: É um destino frequente dos mochileiros, os quais normalmente fazem o seu roteiro começando pelo sul do continente (A Patagônia) indo ao norte, chegando ao Peru ou até Equador, adicionando muitas vezes o Brasil ao final. O salar é um dos pontos no meio da viagem. O mochileiro que vem do Chile, passa pelo Salar para ir à Bolívia, chegando à cidade do Uyuni e de lá pode pegar um ônibus ou avião para seguir a La Paz. (Curiosidade: voos às segundas e sextas, 700 bolivianos). O mochileiro que vem da Bolívia, vai conhecer o Salar já no primeiro dia de viagem com destino a San Pedro de Atacama, já que o Salar fica a menos de 1 hora da cidade do Uyuni, na Bolívia. Para esse mochileiro pode ser interessante ir a San Pedro de Atacama e depois por lá (em Calama, 1h de SPA) pegar um voo para vir a Santiago (e aí encurtar 24h que iria precisar para chegar de ônibus).

2) Turistas de San Pedro de Atacama (origem: Chile) : Esse grupo que é onde eu me encaixo (com certa tristeza porque a vontade de continuar a viagem depois do Uyuni foi enoorme), é onde encontramos muuuitos brasileiros, chilenos, famílias e outras pessoas que residem no Chile e possuem somente um feriado, final de semana, para viajar. O destino realmente é conhecer San Pedro de Atacama e de lá poder dar um esticada à Bolívia para conhecer o maior deserto de sal do mundo, retornando depois à San Pedro para pegar o voo de volta à Santiago.

3) Turistas do Uyuni (origem: Bolivia) : Estes são a minoria e na verdade desconheço o gênero, mas são pessoas que estão se alojando na cidade de Uyuni e podem ir ao Salar para conhecer e voltar no mesmo dia, uma vez que a distância entre o Salar e a cidade de Uyuni são 30 km.


A minha visão da viagem é saindo de SPA (San Pedro de Atacama), o tour que praticamente todas as agências vendem nas ruas de SPA, conhecido como Tour ao Salar do Uyuni, mas de Salar mesmo só temos o último dia, porque os dois primeiros são dirigindo no deserto, pela Cordilheira dos Andes, conhecendo lagunas, se hospedando em refúgios, povoados; de fato, atravessando a imensidão da Reserva Nacional de Fauna Andina Eduardo Abaroa, que se inicia logo quando atravessamos a fronteira Chile - Bolívia.



Quando ir? Essa é a pergunta que move o mundo, justamente porque isto dita as condições climáticas do local. Há prós e contras em ambas estações climáticas, eu diria que o melhor é ir em meia estação - meados de março a meados de maio -, nem verãozão (janeiro e fevereiro quando a água da chuva impede a passagem) nem rigoroso inverno (quando já muito frio para dormir e há chances de neve). Complementando com a Go Outside... "No verão, o Uyuni apresenta outra feição. A água da chuva em contato com o sal forma uma fina camada líquida, de até 25 centímetros, que parece um espelho refletindo o céu e as nuvens. Quem visita a região nessa época sabe da singularidade do efeito visual produzido e da dificuldade de distinguir terra e céu. É uma sensação parecida com o flutuar entre as nuvens, garantem os forasteiros, mas também este é o período mais perigoso para atravessar o lugar de carro por causa dos chamados baixios, que são buracos capazes de engolir um automóvel inteiro (…) No período de estiagem – de maio a novembro – a paisagem parece uma gigante colméia. O solo seco tem o formato de lajotas hexagonais, produzindo um infinito mosaico.”



Essa viagem não é para qualquer turista. Eu falo sério. É uma viagem super aventureira, para quem não tem problemas com frio, calor, comida, onde dormir ou pessoas. Você vai viver 3 dias intensos e inesquecíveis. É preciso estar aberto para tudo o que possa acontecer, como um acidente de carro ou uma troca de pneu na neve.

O bom do tour é que são mais de 10 carros juntos, não que eles precisem ficar juntos, mas as agências andam em comboio para rolar aquele suporte mútuo. Com menos de 1h dirigindo na neve, tivemos que parar porque o nosso pneu furou e no meio da nevasca tivemos que trocar. Logo, outros motoristas de diversas agências também pararam e ajudaram a realizar a troca. Depois quando nos aproximávamos do Desierto de Siloli, nosso motorista nos chamou atenção dizendo que ali era uma área perigosa e deveria dirigir no máximo com 40km/h. Com 5 minutos avistamos vários carros parados, pensei que fosse outro ponto para tirar fotos, mas não, um dos carros estava com 80km/h, perdeu o controle e capotou diversas vezes na neve. Aquele momento foi super nervoso, ninguém se feriu gravemente, mas foi um baita susto.


O ponto-chave da sua viagem vai ser o MOTORISTA. Sim, além de dar todas as informações, vai passar a segurança de que tudo ocorre bem. Nosso motorista era muito tranquilo, aberto, conversava conosco, explicava e inclusive permitia a gente participar da direção da rota. Realmente a viagem não seria a mesma sem a simpatia e experiência do Jorge. Ele foi guia, chef de cozinha, mecânico, fotógrafo… Todas as fotos foram feitas pelo Jorge que já manja as dicas dos efeitos de perspectiva.



E na hora de fazer a mala, ou melhor, mochila, você não pode esquecer de levar:

Roupa de frio completa (Roupas térmicas, casaco corta-vento, luvas impermeáveis, botas que sirvam para trekking e/ou neve)

6 litros de água (A agência deve lhe pedir isso. Você pode comprar por 1.600 pesos nos mercadinhos em San Pedro de Atacama)

Protetor labial e solar

Hidratante

Snacks (As refeições são incluídas, mas a fome bate a qualquer hora!)

Saco de dormir (Sim, você terá uma cama para dormir, mas nada como um saco de dormir para te aquecer!)

Farmacinha (remédios para enjoo, dor de cabeça, estômago. Você vai chegar até 4.900m de altitude, o corpo sente)

Chá de coca (Ajuda muito ao seu corpo se acostumar com a altitude. O próprio agente de viagens me deu alguns, a recomendação é tomar 1 na noite véspera da viagem e outro no café da manhã do dia seguinte)


Dinheiro - Sempre é pedido para levar uma média de 250 - 300 bolivianos, em quê você deve gastar esse dinheiro?

150 bolivianos - entrada na Reserva Eduardo Abaroa. Importante destacar que este ingresso é necessário ao retornar pois é através da Reserva que, depois do Uyuni, você volta ao Chile.

30 bolivianos - Entrada na Isla Incahuasi, conhecida como a Ilha de Cactos no meio do Salar.

30 bolivianos - Os 3 banhos de água quente (sim, amém) que você irá tomar na viagem, 10 bolivianos cada.

5 a 10 bolivianos - Cada vez que quiser usar o banheiro em pontos turísticos/comerciais.

20 a 30 bolivianos - Uma bebida que você queira tomar ao chegar na cidade do Uyuni.

20 a 30 bolivianos - Comprar souvenirs logo depois de sair do Salar do Uyuni no Pueblo de Colchani. Entretando, você pode comprá-los também com peso chileno.


Roupas - De antemão, irão ficar imundas. Então leve um casaco e uma jaqueta que aguentem a aventura e a poeira e troque as roupas “de dentro" (quando possível). Eu indicaria uma boa calça e jaqueta corta-vento.


Uma parte que me chamou atenção apesar de ser brasileira, foi a pobreza da Bolívia. Eu particularmente não tinha noção o quanto a Bolívia consegue ser mais pobre que o Brasil. Passamos por muitos povoados com situações precárias, o que não é novidade porque no Brasil há muito disso também, mas normalmente perto de uma cidade muito pequena e pobre é possível encontrar uma outra cidade pequena, porém com mais infraestrutura, posto de saúde, escola (não que funcione muito bem, mas tem! A cidade tem um maior ritmo), o que vai ao contrário do que eu vi na Bolívia, cidades muito pequenas, que não possuem nada, totalmente afastadas de melhores condições de saúde e educação.


Minha indicação de agência: Atacama Mística. Fiquei muito em dúvida sobre a Atacama Mística e a World White Travel, sinceramente acredito que ambas sejam boas, acabei decidindo pela Atacama Mística porque a negociação acabou sendo mais fácil, pagar a entrada já via PayPal. No final das contas achei excelente pelo motorista muito bom que tivemos e também por ser a única agência que possui um refúgio na - freaking cold- fronteira, onde tomamos café no primeiro dia de viagem.


Bom, essa foi a introdução da aventura e no próximo post tem todo o roteiro com fotos en-can-ta-do-ras! Continua acompanhando que vem mais em breve :)


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